Há milênios o ser humano compartilha os espaços do planeta com animais não-humanos. Entretanto, essa convivência sempre foi pautada por hegemonia e dominação, reforçadas, desde o final da Idade Média, pelo antropocentrismo. Tal concepção autorizava o homem a dispor dos animais não-humanos para diferentes fins.

Felizmente, presenciamos, mesmo que de forma lenta, uma mudança de perspectiva, valores e percepções sociais, o que faz com que o pensamento antropocêntrico seja alvo de questionamentos e fundadas críticas.

Cada vez mais se aborda o Direito Animal, indicando a urgente necessidade de mudança. A senciência animal, reconhecida oficialmente desde 2012, significa muito mais do que a capacidade de sentir prazer e dor: indica que não há diferenciação entre o sofrimento humano e o não-humano.

Sendo a senciência o ponto convergente entre as espécies humana e não-humana, a superioridade hierárquica do homem é tese que não mais se sustenta. Todas as vidas têm valor por si mesmas e não pelo benefício ou lucro que podem proporcionar a outrem.

Gisele Kronhardt Scheffer